quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Sobre o dia do professor



Muito se fala sobre as múltiplas habilidades do professor. Que para ser professor é preciso ser pai/mãe, psicólogo, psiquiatra, terapeuta, amigo, artista, músico, pesquisador, historiador, filósofo, atleta, palhaço, malabarista, marombeiro, etc. Sim, professor tem que ser tudo isso e até mais.

Mas é esquecido que o professor não é super herói, professor é ser humano. Professor tem um coração - que fica apertado quando a turma não aprende. Tem um pulmão - que se comprime quando a resposta para aquele deboche não pode sair. Tem olhos - que marejam numa situação difícil pela qual passa um aluno. Tem braços - que carregam um mundo de problemas e mais livros, cadernos, apagador. Tem pernas - que suportam as crises de dúvidas e situações da adolescência, e mesmo assim caminham para a turma seguinte. Tem cérebro - que mesmo quando o aluno duvida, ele funciona. Tem (nó na) garganta - quando o barulho na sala não nos deixa opções quanto ao que fazer.

Professor tem que saber lidar com as dificuldades de sala, aquelas individuais do aluno, mesmo quando essas "individualidades" são 10, ou 20, ou 30. Professor tem que saber relevar quando o aluno tem um problema pessoal, mas jamais pode deixar o aluno perceber que o professor também passa por problemas pessoais, afinal o aluno é um ser em formação e o professor é adulto, um ser com caráter já formado (será???).

Professor tem que sorrir e ser amável, mesmo quando a mãe está doente, brigou com o namorado, o dinheiro acabando, as contas aumentando, as tarefas da pós graduação com prazo finalizando. Professor tem que ser legal, animar a turma desanimada e ensinar de maneira lúdica, mesmo quando o planejamento daquela semana foi usado para organizar as pautas ou as tarefas da feira de ciências. Professor não pode se alterar, mesmo quando dentro da escola as intrigas e a fofoca tomam conta da convivência e a torna insustentável.

Professor tem que saber perdoar o aluno, quando ele fala um palavrão (não é nada pessoal, sabe?). É que a gente precisa entender o lado do aluno...

Mas quem é que está entendendo o lado do professor?

A gente passa de certos limites sim, principalmente quando somos (mal) avaliados por quem nunca esteve no nosso lugar (ou já esqueceu como é ser professor). Rompemos limites quando somos julgados por certas atitudes, quando não fomos orientados a optar por outra saída. Perdemos o nosso foco, nosso interesse, nosso ânimo, nossa energia, nossa saúde, e grande parte de nossa vida para garantirmos a educação do filhos dos outros. E o que ganhamos em troca?

Somos orientados a lidar com o nosso aluno sabendo que eles (seres em formação) requerem recompensa pela educação (educação que é vista por eles como obrigatória, não uma aliada ao seu próprio futuro), que não a nota. Somos chamados a exigir uma recompensa também, que não o nosso (fuleiro) salário.

Sou professora e quero (exijo) RESPEITO.

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