terça-feira, 27 de maio de 2014

"A pesar de"

Dia desses, guardei pra mim a recordação que tive de uma fala muito profunda do Pe. Miguel, feita durante a homilia num desses domingos pela manhã em que estive na Missa. Ele disse: (não exatamente com essas palavras)
"O segredo para os longos e duradouros casamentos é o amor. Mas não da forma que vocês imaginam. Com o passar do tempo, não se ama POR CAUSA DE, mas sim APESAR DE. Não são as qualidades que prendem uma pessoa à outra, são os defeitos, os desafios por estar ao lado daquela pessoa que cuidam da união do casal. É nas horas ruins que se fortalece o amor. É esse o amor verdadeiro, aquele que não tem porquê, ele tem um apesar."

Então, a gente conclui. É. Eu o amo.
Não amo porque ele é lindo, ou porque ele tem um humor inteligente, ou porque o sorriso dele ilumina o meu dia, ou porque o abraço dele é o meu lugar preferido. Não amo porque ele me fez conhecer o que é ser feliz sem esperar mais nada, só por estar junto. Ou porque os nossos sonhos pra um futuro distante (ou nem tanto) coincidiam, ou ainda porque ele também é corintiano e nossos filhos não iriam ter que escolher o time pelo qual torcer.
Eu o amo apesar de haver diferença de idade e apesar de termos tido gente contra nosso namoro, apesar de muitas vezes eu ter sido deixada de lado, apesar de ter perdido festas, farras e algumas companhias. Eu o amo apesar de saber que nem sempre sou bem vista, e apesar de ter me complicado quando assumi o que eu sinto por ele. Eu o amo apesar de ter esperado por ele em vão muitas vezes, apesar de ter sido considerada louca por estar com ele.

E agora, por isso e por muitos outros eu vou dizer que é hora de ligar o stand by. É de propósito, mas é o jeito. É melhor eu fazer o papel feio, deixar parecer que é minha culpa, que eu amo coisa nenhuma, que eu não me importo. Se fosse pra ser agora, tinha sido. Mas, definitivamente, não é. Talvez, nunca seja nossa hora. Talvez um dia seja. Mas como algumas vezes, ele me disse "o futuro a Deus pertence". Não cabe a nós saber o que virá. É, portanto, nossa tarefa perceber o que fazer no momento. E o certo é me afastar e fazer com que ele também se afaste. Mesmo que ele se magoe comigo, que ele me ache egoísta, covarde. Isso ainda faz parte do quanto eu me importo com ele...É certo que, por muito tempo ainda ele vai ser o grande amor da minha vida. E tirar o time de campo, mesmo que desse jeito cruel, não é o melhor para os nossos corações. Queria muito poder dizer que rezo sempre por ele, que mesmo na distância, eu velo o seu sono (como ele é lindo quando dorme...), que eu daria meus ossos, meus órgãos bons, meu coração surrado pra ele, se fosse preciso. Queria que ele soubesse disso. Queria que ele me entendesse. Queria que nada disso tivesse acontecido. Mas quero que ele seja feliz, sem mim. E na felicidade dele, encontrarei minha paz.

E que assim seja. :/


"Por toda a minha vida..."

terça-feira, 20 de maio de 2014

Vamos tirar essa poeira daqui!!!

Oi geeeeente!

É, eu sei que faz tempo que não dou uma passadinha aqui, mas as coisas andam meio corridas. Tenho muito a escrever e pouco tempo pra isso, então vou só fazer uma retrôzinha básica:

* O meu niver foi ótimo! (sem mais comentários...hehe) - ele veio me veeeeer!!!

* tô meio revoltadinha com a escola, mas o Fb virou um ambiente no qual sou vigiada, então... silence is golden.

* tem dias que eu sofro, tem dias que eu tô bem... Aline ontem me deixou doida! Ah, acho que isso e já sou... Enfim, quando eu terminar essa entrega de convites, eu passo aqui.

Fiquem agora com a linda nova dos meus lindos e cantem "cada vez que eu ouço sua voz me chamando, eu corro pra te encontraaaaar!"


terça-feira, 6 de maio de 2014

Sinais dos Tempos - Alvaro Abreu

Fevereiro começou com festa de comemoração dos trinta anos da nossa caçula. Festa animada, dessas de quase varar a noite, som alto na caixa em pista de dança improvisada, cardápio à base de comida tailandesa, carregada na pimenta, e regada a cerveja, prosseco e muitos mojitos. Meu pessoal gosta de inventar moda e juntar amigos e parentes para comemorar alguma coisa que justifique e mereça a trabalheira que dá fazer festa em casa. E posso garantir que, também dessa vez, não foi pouca não.

A preparação começou, faz tempo, com a pesquisa de receitas na internet. Não participei dessa etapa, mas posso imaginar as dúvidas em escolher os pratos do cardápio, sem ao menos conhecer os sabores. Ao que tudo indica, os critérios privilegiaram aspectos relacionados com a facilidade do preparo e praticidade para servir porções individuais. Fora isso, foi inteiramente produzido um grande lustre com colares de contas, pendurou-se muitos enfeites de papel de seda feitos por mãos familiares, distribuiu-se pelos cantos da casa grande quantidade de flores tropicais trazidas do sítio do pai de um grande amigo e montou-se lá fora uma base de apoio para o pessoal preparar bebidas personalizadas. Uma seleção de música do tipo bate-estaca, rock pesado, axé e funk fora especialmente feita por um outro amigo, aprendiz de DJ. A cozinha foi arrumada para facilitar a finalização das comidas e canapés em escala. Só não foi possível minimizar o calorão nem fazer circular um ventinho sequer. O pessoal derreteu na pista.

Bem me lembro de quando Carol completou trinta anos. Morávamos em Brasília e ela já tinha quatro filhos e logo depois estaria grávida da nossa raspa de tacho. Os tempos eram outros, bem diferentes. Casava-se bem mais cedo e os primeiros filhos, muitos ou poucos, nasciam nos primeiros anos do casamento. Até aí tudo bem, mas ser chamada de trintona por um grande amigo foi o suficiente para ela reagir de uma forma contundente, para espanto dos que participavam do jantar de comemoração. A expressão trintona deve ter soado como uma bomba na sua alma de mulher jovial. Deve ter doído bastante ao se pensar pela primeira vez como uma balzaca. Para aliviar, um dos convidados achou por bem cantar trecho de um famoso samba-canção que enaltecia a mulher de trinta. Cantou com voz anasalada, bem ao estilo do cantor Miltinho, que durante décadas fez sucesso com ele.

Ao ouvir a história da mãe trintona durante o almoço de muitas bocas, a aniversariante centro das atenções disse que não era trintona coisa nenhuma. Cheia de si e com cara de poderosa, declarou, em alto e bom som, que estava mesmo é se sentindo uma "trintíssima", no que foi aplaudida com entusiasmo pelos comensais.

Sinal dos tempos mesmo aconteceu na véspera: a novela oficializou o beijo gay e, ao que tudo indica, recebeu a aprovação geral. Por ceto, um divisor de águas nos valores da população brasileira. No final dos anos setenta, pude constatar a força de impacto da TV no Brasil caboclo, inovando costumes e autorizando comportamentos. Convidados por um casal de amigos, fomos bater num baile de clube numa cidadezinha no interior da Paraíba, onde praticamente todas as mulheres haviam adotado a moda do bustiê, deixando à mostra uma faixa de barriga de largura inversamente proporcional à da autoridade paterna. A novela, não me lembro se "Água Viva" ou "Dancing Days", mostrava a vida das mocinhas charmosas de Ipanema para as do interior do Nordeste.
Vida longa e animada para as "trintíssimas"!