As coisas sempre acontecem no tempo de Deus, isso é fato.
Mas a gente nunca sabe quando é esse tempo e, humanos que somos, ficamos cada
vez mais afoitos e ansiosos até que tudo aconteça de bom na nossa vida.
É, eu sei. às vezes parece que a felicidade nem nos pertence
e não vai chegar nunca. Nos sentimos condenados a viver no sofrimento de
esperar que tudo aconteça conforme a vontade maior do nosso Pai.
Foi num momento desses, em que eu esperava mais nada de bom
na minha vida, que eu vi a luz.
Num domingo de trabalho, de festa junina, aconteceu nada, na
verdade. Nada a não ser uma faísca. Uma faísca que me ofuscou os olhos e eu nem
dei importância.
Só um mês depois daquela festa julina, eu recebi uma
mensagem no Facebook. E depois dessa mensagem, uma conversa, e no dia seguinte,
outra conversa, e outra... Até o dia em que ele quis me encontrar. "Me
encontre na Crisma", eu disse.
E ele foi. Foi lá só pra me ver. E foi só isso mesmo, nesse
dia. A gente apenas se viu.
Na semana seguinte, foi a minha vez. Eu fui trabalhar,
fotografando o Batizado. Cheguei na igreja e ele estava lá. Tão lindo...
Percebi que tinha ido à toa, dois fotógrafos bem mais
gabaritados que eu estavam lá. Fiquei para a missa, então.
E durante a missa, ele cantou. Cantou como um anjo. E
enquanto ele cantava, eu pensava em uma conversa que eu tive com um dos meus
alunos da EJA em 2008. Estava em crise, pelo fim do meu primeiro namoro, e esse
meu aluno me disse "não adianta você procurar em bares, no shopping, em
festas. Procure na igreja. O seu amor está lá. E aí vai dar certo." Apesar
de ser uma pessoa de bem com a minha fé e a minha igreja, dei a mínima pra essa
conversa. "Pessoas da igreja são fanáticas", pensava. Além do mais, o
meu primeiro namorado era um cara de igreja - mas também de boteco. Ele era o
meio-termo perfeito, e isso não era bem o que eu queria pra a minha vida.
Lembrando de tudo o que aconteceu, e vendo o Gustavo lá, cantando, deu um frio
no estômago. Será que é ele? E agora, meu Deus? Minha cabeça fervia...
Nesse dia, oficialmente, tudo começou. Não paramos mais de
nos falar e arrumar jeitos de nos ver. Eu morria de medo, minha perna ficava
mole a cada vez que alguém descobria que estávamos juntos.
O medo da reprovação das pessoas me assombrou por muitos
dias, eu diria que até nosso segundo, terceiro mês de namoro, eu ainda tinha
medo. Medo dos amigos, medo da família, dos pais dele, dos meus pais, do
preconceito, medo de que tudo desse errado de novo. Senti medo por ele, senti
medo por mim. Só de recordar tudo isso, eu fico com pontadas no estômago outra
vez.
E depois, quando toda essa avalanche de medo passou, a cada
beijo, a cada 'eu te amo', a cada sorriso lindo que ele me dava, eu entendi,
que eu tive que ter paciência e esperar. Eu tive que encontrá-lo no único lugar
possível para as coisas darem certo na minha vida: perto de Deus, e foi pra lá
que ele me levou.
Hoje são 8 meses de cumplicidade, paciência, felicidade. Mas
sobretudo, oito meses de muito amor.
Me apaixono de novo por ele a cada acorde que ele toca, a
cada nota que ele canta, a cada sorriso que ele me dá.
E não imagino mais nada na minha vida longe dele... Nadica
de nada!