quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

O primeiro 'Eu te amo'

Poucas recordações são tão fortes na minha vida. Uma delas é justamente a primeira vez que eu disse que amava alguém. E foi tão sincero, tão verdadeiro que acho que jamais direi um "eu te amo" como naquele dia.

Eu estudava pela manhã, no Polivalente. Não lembro o ano, mas lembro dia e mês: 19 de março. Como de costume, assim que eu levantava bem cedo e ia pegar o ônibus na rua. Como de costume, minha avó vinha na janela dizer: 'Deus te abençoe e te acompanhe' e me benzia pelas costas. Mas nesse dia, fora do meu costume, eu entrei na casa da vó. Nesse dia, eu tive que abraçá-la e beijá-la e dar-lhe os parabéns. Minha avó completava mais um ano de vida. Muito motivo para comemorar. Nessa hora, em que a abracei e lhe parabenizei, pedi que Deus a abençoasse muito. Incontrolavelmente, com lágrimas nos olhos, fluiu de mim como algo natural, como parte de mim. Olhei-a e disse: Vó, te amo!

Depois disso, fui pra escola e vivi mais um dia normal. Hoje em dia, a minha avó me benze de onde ela está, e não posso mais dizer que a amo. Minha avó foi arrancada de mim, como um "presente" de aniversário. Creio que hoje isto está superado, mas é algo que marca, que deixa cicatrizes.

Acho que naquela época eu devia estar apaixonada pelo cara que não me queria. E depois eu devo ter amado o meu primeiro namorado. Eu devo ter gostado muito do segundo. Talvez eu ainda ame muito o terceiro. Talvez eu até tenha dito que amo alguém depois disso, mas nunca primeiro. Nunca iniciei uma sequência de 'eu te amo', eu sempre respondi. Apesar disso nunca duvidei do que sentia, pois quando eu amo, eu amo mesmo; sem quê e nem porquê. Mas acho que jamais amarei alguém como eu amo a minha avó. Além da vida. Além das relações familiares. Além de tudo.

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