quarta-feira, 2 de abril de 2014

Então, foi o fim

"Maior amor nem mais estranho existe
Que o meu, que não sossega a coisa amada
E quando a sente alegre, fica triste
E se a vê descontente, dá risada.

E que só fica em paz se lhe resiste
O amado coração, e que se agrada
Mais da eterna aventura em que persiste
Que de uma vida mal-aventurada.

Louco amor meu, que quando toca, fere
E quando fere vibra, mas prefere
Ferir a fenecer - e vive a esmo

Fiel à sua lei de cada instante
Desassombrado, doido, delirante
Numa paixão de tudo e de si mesmo."

(Vinícius de Moraes. Soneto do maior amor, Oxford, 1938)

Oi gente!

Pois é...o mês de abril está aí. E ele veio seco e com lágrimas. Há uma semana, eu me rendi.

Depois de ter sido brava, resistente, paciente e perseverante, enfim, eu me entreguei. Durante todos os 13 meses pelos quais esse relacionamento durou, eu tenho certeza que eu fui a parte resistente. Sei que eu insisti e resisti muitas vezes a explosões de como deveria ter sido. Por isso mesmo, eu fui a parte que sofreu. Eu senti cada ausência, cada negligência. Eu que tive paciência com cada dia que eu passei sozinha e a cada minuto que eu lembrava que ele existia, eu sofria mais. Acho que ninguém vai entender o que eu senti. Cada barulho de moto passando na rua, me fazia pensar que era ele chegando. Cada vez que eu sentia o perfume dele em alguém, e eu tinha a ilusão que eu poderia senti-lo de novo. Eu nadei, nadei, nadei...e morri, ainda em alto-mar. Eu fui como uma pessoa que luta contra um câncer. Eu tentei, eu fiz o que estava nas minhas mãos fazer. Não foi o suficiente. Não houve o milagre. Feneci. Entreguei a alma desse amor, como diria o Poetinha, "desassombrado, doido, delirante". Me rendi e decidi.
Então chegamos ao fim. Não foi doloroso, foi mesmo como a morte é - redentora, libertadora. Pensar em morte e sua contradição em relação à vida, ou em sua complementação. No meu caso, foi uma morte para o renascimento. Assim como ela é vista para nós, cristãos. Morte é o renascimento.

Renasci. Sem mais.

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